segunda-feira, novembro 07, 2011

Jornalistas de PE entram em estado de greve

Após uma assembleia que lotou o auditório do Sindicato dos Gráficos de Pernambuco, na Rua do Veiga, os jornalistas de Pernambuco decretaram estado de greve por 48 horas. O prazo foi dado para que as empresas possam iniciar as negociações da campanha salarial 2011.

Muito mais que o salário, o que tomou boa parte da reunião foi a discussão sobre a exigência ou não do diploma de jornalista para exercício da profissão. Acho que perdeu-se muito tempo em um assunto que poderia ficar para depois. Salário digno e melhores condições de trabalho vem à frente, na modesta opinião deste estagiário.

Digo isso porque ouvi relatos que confirmam o que todo mundo sabe: a categoria ganha mal e não é reconhecida pelos patrões. Tem repórter de jornal que trabalha 10 horas por dia para ganhar R$ 1.300. A situação se complica nas rádios, onde a carga é maior e o salário menor.

Cinegrafistas que também são motoristas, repórteres que também são produtores - e vice-versa. Uma zona. Primeiro, suponho, seria necessário organizar a classe para depois exigir o diploma que comprove a qualificação. Tem assunto mais urgente na pauta dos jornalistas do que o anel de formatura!

A maioria dos participantes era de jornal impresso, tanto do Diário como do Jornal do Commercio e da Folha de Pernambuco. De TV, quase ninguém. De rádio, só vi uma pessoa. Assessorias então... zero. Não notei niguém. E olha que jornalista de assessoria come o pão que o diabo amassou e botou pra vender! Trabalham o dia inteiro - até de madrugada - e ganham uma merreca. Nem queiram saber quanto.

Na assembleia, o Sindicato falou, falou... explicou, explicou... e ainda teve gente que não entendeu o que eles tinham acabado de falar. Jornalista é bicho ruim para entender estórias, né?

Tinha estagiário lá também (eu, inclusive), mas só jornalistas formados puderam votar. Ok, tem razão. cabe a nós, neste momento, apoiar o movimento. A votação deu o esperado: 117 votos a favor da greve e 24 contra.

Sobre a possibilidade de parar, a categoria entendeu da seguinte forma: 48 horas em estado de greve, com todo mundo trabalhando normalmente. Se na quarta-feira os "patrões" não apresentarem disposição para a negociação, greve geral nas redações a partir da quinta.

Tinha gente morrendo de medo, perguntando mil vezes sobre retaliações e afastamentos. Normal. Ninguém quer perder seu emprego suado - já que pra achar outro é barra. Para piorar, já tem empresa dizendo que é capaz de fechar o jornal só com estagiários e material de assessorias (que com certeza não vão aderir ao movimento). Pode um negócio desse?

Sou muito novo na área, mas dá pra ver que os patrões dos jornalistas não estão nem aí para o responsabilidade social que a profissão nos impõe. Para eles, quanto menores os custos e maiores os lucros, melhor.

Condições para o exercício da profissão, carga horária justa e salário digno é conto feito a perna cabeluda de Jota Ferreira.

E o jornalista que pensou em mudar o mundo um dia, com suas palavras e argumentos, que se f...!

P.S.: Para quem pensa que uma greve é impossível, sugiro o vídeo abaixo. É sobre a greve dos jornalistas em 1990, que durou 14 dias. Eu nem era nascido, mas meu pai estava lá e disse que o movimento teve efeito.


Um comentário:

  1. Olá, Estagiário. Antes de tudo é preciso dizer que, se cair a cláusula do diploma das convenções coletivas, aí então é que as condições de trabalho que você mencionou vão piorar. Gente que trabalha 10 horas e ganha R$ 1.300? Experimenta se o diplomar cair. A carga horária vai aumentar e o salário despencar. Portanto, Não perdeu-se muito tempo em um assunto que poderia ficar para depois. Esse é o assunto mais urgente e é por ele que estamos lutando há três anos. Se ele não for resolvido, todas as outras questões vão piorar. Salário e melhores condições de trabalho não é tudo. Lutando pelo diploma, deixamos de ser egoístas pensando apenas no nosso bolso e pensamos no futuro da categoria, principalmente em vocês, estagiários, que amanhã serão profissionais.

    ResponderExcluir